sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Olhos

Não gosto do jeito comum de ver a beleza onde já se tem, nem gosto do jeito comum de olhar o comum e falar do que ele não tem. Gosto da poesia que não fala da beleza, gosto do belo que está escondido, subjugado e oculto de cada objeto. Gosto quando não falam dos olhos cansados do trabalhador, e amo quando percebe que ele está feliz pois realizou seu dever de sustentar no seu ombro um família de amores. Gosto muito mesmo quando não falam destes pés de galinha que tem nos olhos, e quando dizem que nesses pés de galinha tem um problema superado, um amor encontrado, sonhos realizados, sonhos que só foram sonhados e uma vida mesmo tão vivida quer só viver. Gosto quando notam a menina na cadeira de rodas e vêem um sorriso dentro de seus pneus sujos de terra, um sorriso ocultado em um perda, mas mesmo assim um sorriso, sorriso este que é de ter dentro de si mesma um coração que bate, bate em alegria, tristeza, de paixão, de perdão, em ódio e em amor. Gosto quando percebem que ela ainda tem tudo, e tudo é ter tudo isso. Gosto de tanta coisa que gosto até do que não gosto. Mas gostar de ver poesia onde parece não existir é tão bom, é singular. Queria saber o que é gostar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário