segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Confissão da Solidão sobre hoje e você.

Me amararam em um balão
Fui torturado de abraços
Encarcerado de beijos
Humilhado de esperança.

Coitado de mim, que sempre estive junto de você. Coitado de mim sim!
Eu te trazia medo, bloqueios, choro.
Coitado de mim, que te fazia só. Coitado de mim não!
Eu pensava em você, trazia o pior para você. E você me tortura coma melhor das armas.

Não sei o que faço
Se tua presença me destrói
Não sei o que faço
Se tua mensagem dói
Não sei o que faço
Se teu toque corrói
Não sei o que faço com tudo aquilo que tu me faz
Que é mortal. Me faz mal. Me aprisiona e deixa na fome.

Por que eu existo? Eu só sei fazer isso.
Eu faço mal? Eu sou mal?
Dói ser omisso
Quero morrer, mas acho que sou imortal.

Deixa eu maltratar ele. Não dê amor para ele. Eu gosto dele desse jeito, esse é o jeito dele. Entenda que não quero você aqui. Entenda.
Me deixe só com ele como sempre foi! Vá para longe com sua poesia. Vá pra longe com seu amor.
Ele te ama. Você o ama.
Eu não sei o que é amor.

sábado, 13 de setembro de 2014

.Nu

Queria estar nu
Desnudo de mim mesmo
Sem nada que pudesse pesar
Sem nada para pensar.

Queria ficar nu
Chorar na minha própria pele nua
Cair sobre minhas próprias roupas
E estaria agora no chão.

Queria ser nu
Sentir o vento querendo me cobrir
Sentir que só ele tem esse desejo
Descobrir que só era ele o tempo todo

Queria, queria ter ficar nu
Tentaria encobrir minha vergonha da própria nudez
Mas lenções de solidão e saudades são finos e pequenos
Mesmo coberto, continuo nu

Não queria nada
Nem nu
Queria deixar de dizer coisas bobas, de ser coisa boba. Queria deixar de ser nu e continuar nu. Assim, como já é, estaria só.
Estando só.
Trocado.
Deixado de lado.
Por ter a importância comum de ser só mais um nu.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Conto de todo mundo

Queria, por alguns dias
Durante todos eles
Não ser eu
E não ser ninguém

Queria que na vida as casas fossem de aço
E que guardassem dentro dela o que da gente achássemos frágil
O aço é dobrável, derretido, e as vezes não é puro
As casas, as vezes, só caem.

Uma ponte até outro mundo deveria existir.
Existe tantas pontes para tantos mundos
Eu achei que tinha atravessado alguma
Cheguei em um mundo, mas andei de costas.

Queria que a vida não fosse escrita, nem livro.
Tem tanto livro de vida, e tanta escrita em livro
Por que não escrevem melhor essa estoria?
Escritor preguiçoso, sempre deixa na metade ou nem chega nela.

Porque os cavalos estão presos nos estábulos?
Ninguém responde que só quer soltá-los se alguém estiver montando-o
Não queria ser cavalo
Cavalo queria ser cavalo, mas cavalo sem ninguém.

Uma vez, mais vezes, quando fui criança minha mãe me dizia que na vida a gente não tem que fazer nada
Mais vezes, uma vez. Ela disse nada.
Todas vezes, nenhuma vez, me senti feliz quando ela dizia isso.
Alguma vez, sim.

Se os homens tivessem asas
Pássaros no chão
O céu seria seu chão
E o chão o verdadeiro céu.

Não queria ser tímido, queria ser um pouco sem vergonha
Sem vergonha já sou
Só não queria ter vergonha do ser que sou
Ser um pouco sem vergonha de mim.

E se alguém não escrevesse, e nem eu.

Queria um sonho, realidade.
Onde eu sendo ninguém teria a casa mais forte de todas
Uma casa feita de mim.
Correr como um cavalo, um cavalo livre.
Ser parte de uma historia, minha e de mais alguém.
Queria muitas pontes, viadutos e mundos, onde em todos os lugares conseguissem ser um só.
Ter a liberdade de voar, que já tenho, mantendo os meus pés no chão
Onde chão não é mais chão e tudo seria só céu.
Não seria mais tímido de mim, nem de ninguém
Por que eu acho que já seria todo mundo
E todo mundo seria criança, e sim, existiria uma mãe.